TALVEZ SEJA ABRIL
Talvez seja Abril
Mas não parece…
Parece mais
Um mês incerto,
Um parêntesis aberto
Entre as sombras longínquas
De altos muros
(erguidos no prumo do ódio antigo
e das nuvens de cinzas que os encerram…)
e a radiosa teimosia de uma macieira
que, à minha beira,
anuncia febril a Primavera.
Sim, é de paulatina espera
Que se fazem os trilhos destes dias…
Aqui na frescura do jardim;
Lá na clausura do pó das ruas de Jenin..
E é a mesma seiva que a retém
Que faz explodir as fechaduras
Naquelas portas e neste caule…
O mesmo dinamite à cintura
Nestes ramos verde e
Nos humanos troncos de Jerusalém…
Não sei que Abril pode ser este!
Não sei porque tremem as rosas na penumbra…
Não sei porque medra, ainda, a macieira…
Talvez sejam só faces de uma mesma moeda;
A luz do fogo a explodir em flor
E o sangue das trevas a escorrer na pedra…
Talvez seja mesmo Abril esta longa espera…
Talvez seja subtil a Primavera.!...
José Dias Egipto (Antologia Poética – Amantes das leituras 2008)
José Dias Egipto é o pseudónimo literário de José Carlos Pacheco Palha, nascido em Braga em 1953, licenciado em medicina, e a exercer no concelho de Vila Nova de Gaia.
Desde 1999 tem vários livros editados, quer de poemas, quer de prosa.
Há 5 dias
1 comentário:
Um grande poeta da minha idade, já que nasci em 1953.
Adorei o maravilhoso poema "Talvez seja Abril"!
UM BOM FERIADO E VAMOS TER ESPERANÇA QUE TUDO MUDE
Um grande beijinho,
Ana Paula
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