A MINHA PENA
Mote
Caprichosa a minha pena
Meu jeito de versejar
Por vezes é cantilena
E embala o verbo amar.
Estranho modo é ser poeta
Penso comigo em silêncio
Escrever versos é vazio
Ou então a porta aberta
Muitas vezes é soberba
Pode ser modo de vida
Ou então estado de alma
Ser embriagado
Ou ego inebriado
Caprichosa a minha pena.
Martírio dias a fio
De olhos fitos se mantém
É de todos e ninguém
É água solta no rio
Sozinha trema de frio
Ao olhar olhos mortiços
Leva no regaço abraços
A quem da vida está cansado
Altivez ou simples fado
Meu jeito de versejar.
É mentira é verdade
Loucura em contramão
Por vezes é encontrão
Outras leviandade
Juro até é verdade
Que corre por entre as veias
Pode ser pernas sem meias
Onde faltam os sapatos
Gritarias espalhafatos
Por vezes é cantilena
Tudo isto num poema
Eu coloco a meu prazer
Versos... Eu sei fazer
Como quem reza novena
Sinto e chego a ter pena
Deste dom que Deus me deu
Pedinte ou camafeu
Tosco altar idolatrado
O meu cunho é afiado
E embala o verbo amar.
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Poesia de António Ruivo
Há 2 dias
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