MINHA MÃE AMASSA O PÃO
"Minha mãe amassa a vida,
E a vida cabe-lhe inteira
Na farinha desmedida,
No infinito da peneira.
Minha mãe amassa o dia,
No alguidar, sobre o banco,
E do forno da alegria
O pão loiro sai tão branco.
Minha mãe amassa o ar,
Duma leveza infinita-
Quando fica a levedar,
A massa inteira levita.
Minha mãe amassa as flores,
As que no campo se dão-
E há mil cheiros, mil sabores
Numa fatia de pão.
Minha mãe amassa e diz
Pra dentro do coração,
Que só pode ser feliz
Quando os outros também são.
Minha mãe amassa o verde
Duma seara de trigo-
Vais matar-me fome e sede,
Alentejo, eu te bendigo!
Poema de António Simões, Natural de Beringel, e professor em Estremoz, in "Minha mãe amassa o pão", Câmara Municipal de Beja, 2001.
Há 1 dia
1 comentário:
António Simões...
Conheci-o em Silves, na Bienal de Poesia. Ele é um grande poeta e o pai de uma das minhas melhores amigas :)
Abraços
Jorge
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