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quarta-feira, 2 de abril de 2025

Se eu fosse mais calado e falasse mais devagar

 SE EU FOSSE MAIS CALADO E FALASSE MAIS DEVAGAR


Se eu fosse mais calado e falasse devagar,
talvez me ouvissem com olhos atentos,
com a paciência de quem lê os ventos
e encontra nos silêncios um jeito de amar.

Mas sou um vendaval, um rio sem margens,
um fogo irrequieto que queima as imagens
antes mesmo que alguém as possa guardar.

Se eu fosse mais calado e falasse devagar,
não erraria tanto nas escolhas da vida,
não daria passos cegos sobre a ferida,
não beijaria bocas que não querem ficar.

Mas sou esta pressa que nunca repousa,
esta fúria voraz que em tudo se pousa,
e ao menor aceno se deixa levar.

Se eu fosse mais calado e falasse devagar,
talvez não houvessem tantos desencontros,
tantos desamores e tantos escombros
de coisas que amei sem saber esperar.

Mas que culpa tem a alma que dança,
se a vida lhe pede que tenha esperança
e a esperança só sabe correr sem parar?

Se eu fosse mais calado e falasse devagar,
talvez me fizesse poeta de aço,
sem tanto estardalhaço,
sem tanto sangrar.

Mas que graça teria a palavra contida,
se é no excesso que mora a vida,
e no exagero que aprendo a rimar?


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